sábado, 31 de janeiro de 2009

Meus Três Chapéus!





Noutro dia saí pra comprar um chapéu...

Andei a Av. Paulista praticamente toda e não encontrei os camelôs que Plínio havia me dito ver sempre por lá vendendo os benditos chapéus.
Fui numa loja de "grife" e lá havia uns, mas, além de caros, não eram exatamente o que estava procurando.
Porque chapéu, caro(a) amigo(a) tem que se comprar com muito cuidado pois você corre o risco ficar ridícula(o)!
Ainda mais em uma cidade grande, onde não tem praia.
Peguei sol pra cassete e chuva pra cassete e por fim achei um camelô meio que escondido em uma esquina, quando já estava desistindo e voltando pra casa.
Ai, me apaixonei por todos que o homem me mostrou... Comprei três, porque a esta altura eu já estava com pouco dinheiro e este camelô, ao contrário de muitos aqui em Sampa, não aceita cartão. E este moço ainda me vendeu com um tremendo desconto!
Os chapéus para uma mulher de classe média, com 48 anos, acima do peso, que vai usá-lo para se proteger do sol aqui na "capital do capitalismo", onde as mulheres e homens em sua maioria se vestem de terno e gravata e taiêrs lindos e caros.
Há que se ter cuidado pois pode parecer mais uma louca pela rua. Embora aqui ninguém me conheça, e eu possa "pagar o mico" que eu quiser, me sinto mal, vocês entendem, certo?
Aí fiz umas flores pequeninas de croché e fiz um tipo de brochinho e ficou bem legal!
Agora já estou com a cabeça protegida e o rosto mais ainda!
"Ei, Lúpus, você tá fudido comigo!"
Ah! Esqueci de dizer: "Emagreci 1kg (um quilo)".
Pouco? , pra quem está a meses fazendo dieta e até aumentou de peso... É uma puta vitória!
Agora vou dormir um pouco.
Até qualquer hora.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Oração Contínua...


Já faz algum tempo que eu não ajoelho (fisicamente) diante da Presença do Senhor e me entrego em oração. Mas todos os dias eu clamo a ele por mim, minhas filhas, minha mãe, meu marido e todos os meus, enfim...
Hoje estou postando esta oração em especial:
Pai Amado.
Estou aqui em Sua presença para te clamar por um pouquinho de Sua Santa Mão sobre mim.
Estou sem sossego em minha alma não durmo mais direito faz dias!
Quando durmo é o dia todo e isso não é bom! Acordo sempre de mal humor e tenho que me controlar pra não deixar o Plínio perceber, pois sei que ele também não está legal.
Sinto falta de irmãos na fé, de amigos...
Sinto falta do Caminho da Graça. (Nunca mais fui!)
Pai, preciso emagrecer, Tu sabes!
Preciso comprar minha máquina de lavar, mas dependo de um sim do Plínio. Pois se fizer a compra sem a concordância dele,pode acontecer dele não querer pagar e aí, como fica?
Este mês de Janeiro é o pior para mim, pois é o mês em que minha filha morreu.
É, dia 28 de Janeiro irá fazer 20 anos que Yana morreu!
Parece que foi ontem!!!
Ainda sinto aquela dor como uma espada me rasgando ao meio!
Depois que me mudei para este apartamento não saio mais de casa pra nada! Não tenho a menor vontade!
Senhor, dá vida a minha vida!
Dê vontade de viver!
Não tenho mais aquela criatividade que tinha antes.
Nem minha cachorrinha sai mais pra passear.
Não chego nem mais até a janela.
Estou "morrendo" aqui dentro!
Ânimo, Senhor! Preciso de ânimo!
Te pesso tudo isso em O Nome de Jesus!
Amém...

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Em Homenagem Ao Safado do meu Ex-Marido!


Pra começar bem o Ano, no mês da morte de minha filha Yana (28/01/1989),
um bom desabafo!

Apenas uma "singela homenagem" ao pai de minhas filhas que se mandou, deixando me sem nada e fugiu com a prima, eu muito doente e tendo perdido uma de nossas filhas de um aneurisma cerebral!


O caso do vestido

Nossa mãe, o que é aquele vestido,

naquele prego?

Minhas filhas,

é o vestido de uma dona que passou.

Passou quando, nossa mãe?

Era nossa conhecida?

Minhas filhas, boca presa.

Vosso pai evém chegando.

Nossa mãe, dizei depressa que vestido é esse vestido.

Minhas filhas, mas o corpo ficou frio e não o veste.

O vestido, nesse prego,está morto, sossegado.

Nossa mãe, esse vestido tanta renda, esse segredo!

Minhas filhas, escutai palavras de minha boca.

Era uma dona de longe,vosso pai enamorou-se.

E ficou tão transtornado,

se perdeu tanto de nós,se afastou de toda vida,

se fechou, se devorou.

Chorou no prato de carne,bebeu, gritou, me bateu,

me deixou com vosso berço,foi para a dona de longe,

mas a dona não ligou.

Em vão o pai implorou,dava apólice,

fazenda,dava carro, dava ouro,

beberia seu sobejo,lamberia seu sapato.

Mas a dona nem ligou.

Então vosso pai, irado,

me pediu que lhe pedisse,

a essa dona tão perversa,

que tivesse paciênciae fosse dormir com ele...

Nossa mãe, por que chorais?

Nosso lenço vos cedemos.

Minhas filhas, vosso paichega ao pátio.

Disfarcemos.

Nossa mãe, não escutamos pisar de pé no degrau.

Minhas filhas, procureiaquela mulher do demo.

E lhe roguei que aplacassemde meu marido a vontade.

Eu não amo teu marido,me falou ela se rindo.

Mas posso ficar com elese a senhora fizer gosto,

só para lhe satisfazer,

não por mim, não quero homem.

Olhei para vosso pai,os olhos dele pediam.

Olhei para a dona ruim,os olhos dela gozavam.

O seu vestido de renda,de colo mui devassado,

mais mostrava que escondia as partes da pecadora.

Eu fiz meu pelo-sinal,me curvei... disse que sim.

Saí pensando na morte,mas a morte não chegava.

Andei pelas cinco ruas,passei ponte, passei rio,

visitei vossos parentes,

não comia, não falava,tive uma febre terçã,

mas a morte não chegava.Fiquei fora de perigo,

fiquei de cabeça branca,

perdi meus dentes, meus olhos,costurei,

lavei, fiz doce,minhas mãos se escalavraram,

meus anéis se dispersaram,minha corrente de ouro

pagou conta de farmácia.

Vosso pai sumiu no mundo.

O mundo é grande e pequeno.

Um dia a dona soberbame aparece já sem nada,

pobre, desfeita, mofina,com sua trouxa na mão.

Dona, me disse baixinho,não te dou vosso marido,

que não sei onde ele anda.

Mas te dou este vestido,

última peça de luxo que guardei como lembrança

daquele dia de cobra,da maior humilhação.

Eu não tinha amor por ele,ao depois amor pegou.

Mas então ele enjoado

confessou que só gostava de mim como eu era dantes.

Me joguei a suas plantas,fiz toda sorte de dengo,

no chão rocei minha cara,me puxei pelos cabelos,

me lancei na correnteza,me cortei de canivete,

me atirei no sumidouro,bebi fel e gasolina,

rezei duzentas novenas,dona, de nada valeu:

vosso marido sumiu.

Aqui trago minha roupaque recorda meu malfeito

de ofender dona casadapisando no seu orgulho.

Recebei esse vestido e me dai vosso perdão.

Olhei para a cara dela, quede os olhos cintilantes?

quede graça de sorriso,

quede colo de camélia?

quede aquela cinturinhadelgada como jeitosa?

quede pezinhos calçadoscom sandálias de cetim?

Olhei muito para ela,boca não disse palavra.

Peguei o vestido, pus nesse prego da parede.

Ela se foi de mansinho

e já na ponta da estrada vosso pai aparecia.

Olhou para mim em silêncio,

mal reparou no vestido e disse apenas:

Mulher,põe mais um prato na mesa.

Eu fiz, ele se assentou,comeu,

limpou o suor,era sempre o mesmo homem,

comia meio de ladoe nem estava mais velho.

O barulho da comidana boca, me acalentava,

me dava uma grande paz,um sentimento esquisito

de que tudo foi um sonho,vestido não há... nem nada.

Minhas filhas, eis que ouçovosso pai subindo a escada.

Carlos Drummond de Andrade(1902-1987)